Me olhar no espelho agora me causa tanta estranheza.
Como posso estar tão grande e redonda assim?
É porque sou apenas uma casinha. Guardo aqui dentro uma semente. Semente de um grande amor que daqui há uns dias estará por aqui, esquentando ainda mais nossos corações.
Filho, não vejo a hora de te ter aqui fora.
Falta tão pouco, né?
O caminho foi muito longo e cheio de aventuras.
Mas está chegando ao fim.
Meus pés inchados mostram que o dia de te olhar nos olhos está se aproximando.
E sei que o que me encantará mais em você serão eles, seus olhos.
As contrações que sinto me fazem perceber que todo o meu corpo se prepara para o grande dia.
Seu pai, quando percebe o quão próximo você está, só consegue expressar 3 palavrinhas: ai ai ai. Mas este é o jeito dele de dizer que está ansioso e preocupado para que tudo dê certo.
Te falo uma coisa: você terá o melhor pai do mundo, viu?
Você terá a melhor família do mundo também, porque não existem pessoas mais carinhosas que seus irmãos.
Por enquanto ainda estamos de férias. Para mim umas férias um pouco estranhas nos últimos dias, já que preciso ficar muito tempo sentada com os pés pra cima, já que seu papai não está aqui conosco porque está em Brasília resolvendo coisas chatas, já que estou tendo que me adaptar a uma nova realidade.
Logo, logo estaremos na nossa casa e eu me dedicarei por inteiro a organizar o seu ninho, o local onde você irá dormir, brincar, tomar do seu alimento precioso e começar a descobrir esse nosso mundo. E olha, ele é lindo!
Vim aqui falar um pouco com você porque hoje me sinto ansiosa e queria conversar com alguém sobre essa fase que estou vivendo. E ninguém melhor do que você para me entender, não é?
Uma coisa que queria te dizer é que você tem os chutes mais fortes que já senti em toda a minha vida. Eita!!! Algumas vezes tenho que pedir pra você pegar mais leve! Mas na verdade, adoro senti-los, pois eles me mostram o quanto você é forte e cheio de energia.
Já sei que terás pernas lindas e grossas, puxando às do seu pai.
Agora deixo você em paz um pouco de novo e fico aqui, te sentindo, te esperando, te querendo mais e mais a cada dia.
Já te amo! Juro que já te amo!
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Dany, sei que abusei no tamanho do comentário mas não pude resistir, beijocas nocês.
"Ela está grávida, no último mês de gestação, e não suporta mais os palpites sobre o tamanho, a forma da barriga e sobre o sexo do bebê: “Ah, vai ser menina, porque sua barriga está redonda”, diz um, enquanto outro olha, examina e diz que, com certeza, vai ser menino. Ela acha que sua barriga virou uma espécie de monumento público. Todo mundo quer tocar e fazer um comentário.
Ela selecionou algumas frases que mostram os mitos em torno da gravidez, que passam de geração para geração, de bisavó para avó, para mãe e filha, num círculo que chega a ser incômodo, para quem está com o pré-natal rigorosamente em dia, além dos exames, ultrassonografias, vitaminas, medicamentos, alimentação e todos os outros cuidados exigidos nessa fase da vida de uma mulher.
Ela está plena, se cuida muito. Com o seu andar grávido, ela vai levando uma vida normal, trabalha todos os dias. Desde a concepção, não faltou um único dia ao trabalho. Ainda cuida de Helena, sua primeira filha, com 2 anos e 10 meses, do marido e ainda por cima está mudando de apartamento.
À espera de Pedro, que deverá chegar ao mundo na primeira semana de fevereiro, fez uma lista de comentários que deixam as grávidas perplexas e assustadas.
Sobre o sexo da criança:
“Observando você de costas, dá para ver que é uma menina.”
"Minha avó diria que, pelo formato e tamanho, você vai ter uma menina."
(Os dois palpites erraram feio: é um menino!)
Sobre o tamanho da barriga e o nascimento do bebê (os que mais incomodam):
"Será que esse neném chega aos 9 meses?"
"Desse tamanho, não sei se passa do fim do mês."
"Não se preocupe! O meu nasceu com 7 meses e hoje é um bezerrão."
"Nossa, como a sua barriga cresceu no fim de semana!"
"Você tem certeza de que é um só?"
"Cuidado, esse bebê vai nascer aqui no trabalho."
"A sua barriga desceu demais!"
"Menina, como sua barriga está baixa, hein?"
Sobre a alimentação da mãe:
"Tem certeza de que pode comer isso?"
"Com tanta pimenta, seu bebê vai sofrer até..."
"Isso aqui a gente não pode servir para grávidas." (Uma bola de sorvete, dá para acreditar?)
"Chocolate você não pode nem ver."
Sobre os cuidados na gestação:
"Coloque as pernas para cima."
"Não lave os cabelos todos os dias."
"Esmalte, só os bem clarinhos."
"Coma maçã toda noite."
Apesar dos comentários, ela vai abrindo caminho com o seu andar grávido, com a certeza de que carrega o amanhã da vida, de que gera a esperança. Com sua barriga de grávida, ela vai nutrindo o futuro.
À espera de Pedro, ela acaricia a barriga e pensa nos comentários. Ela diz que alguns incomodam demais, pela insistência, repetição e até invasão. Outros são engraçados e até absurdos. São palpites de conhecidos, mas também de desconhecidos, pessoas que ela nunca viu na vida. Gente que circula no trabalho, na fila do supermercado, no restaurante, no elevador.
Contando os dias que a separam de Pedro, o segundo filho, ela pensa sobre o poder de gerar uma vida e torce para que o filho venha num parto de luz, saudável e feliz, porque com certeza será muito amado.
Mais do que qualquer pessoa, ela sabe da responsabilidade de gerar um filho, do cuidado que tem até mesmo em descer um degrau. Ela sabe que estará unida para sempre ao filho, que não poderá desistir nem mudar de ideia. Ela se cuida porque sabe que terá um vínculo, um fio invisível que a manterá para sempre ligada ao imprevisível da vida. Ela sabe que terá de cuidar de outro ser como quem cuida do amanhã, como quem se aninha no colo da ternura, como quem afaga a luz ou dá um toque nas estrelas.
Déa Januzzi/ Estado Minas 18/01/2010
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