"Todo artista tem de ir aonde o povo está".
Essa música não me traz boas lembranças, definitivamente não!
Acontece que eu já fui dançarina de banda (dançando lambada ê, dançando lambada lá).
Sério mesmo.
Fazia parte da banda da Márcia Ferreira, a compositora da famosa música "Chorando se foi".
Pensem! Vocês estão diante de uma sub-celebridade esquecida. Brinks!
Mas então, o causo de hoje aconteceu num dos nossos shows feitos nesse Brasil afora.
Sabe o dia em que a Lei daquele velhinho brincalhão, o Murphy, resolve te pegar pra cristo?
Era ano de campanha política e nós íamos fazer mais um showmício (naquela época ainda era permitido).
Então, saímos de casa umas 10 horas da noite, rumo a uma cidadezinha próxima (a 1 hora e pouco de Brasília).
O local era mega esquisito. Escuro, mas bem movimentado. Meio filme de terror (adora acontecer comigo).
Fomos convidados pelo candidato, X, da esquerda. Tudo começa com essa informação
Chegando no local vimos um palco enorme, lotado de gente, mas não conseguíamos falar com os organizadores. Eles não atendiam o celular devido ao barulho.
Então, saímos do carro, a cambada toda, baixista, guittarista, baterista, bailarinos e nos dirigimos ao camarim.
Chegando lá vimos que todos nos olhavam de um jeito estranho, meio desconfiados.
Foi quando um de nós teve a brilhante ideia de perguntar em alto e bom tom: aqui é o showmício do candidato X, né?
A resposta é óbvia: não... não era.
Era exatamente o showmício do candidato Y, o da direita e, aquelas pessoas,eram as que queriam nos cortar em 300 pedaços e jogar para os abutres.
Saímos de lá expulsos e constrangidos.
A noite estava apenas começando.
Rodamos, rodamos, rodamos, até que encontramos outro palco enorme. Nem tão enorme, tenho que admitir e nem tão bonito.
Mas tinha gente, tinha muita gente enfiada ali.
Nos dirigimos para o camarim, o certo desta vez, e fomos nos trocar.
Hora do show.
A minha entrada acontecia sempre na metade da primeira música após a cantora anunciar o nosso número como se fôssemos estrelas da Broadway.
A música começa. A música continua. A música está no meio e a cantora está lá, chamando os bailarinos para o palco. E ninguém aparece.
A cantora continua a chamar os bailarinos para o palco: vazio profundo, não sobe ninguém.
A música continua só no instrumental, aquele clima constrangedor e a cantora chama novamente os bailarinos para cima do palco.
Nós , simplesmente não conseguíamos subir de tanta gente enfiada lá em cima, nas escadas, em cima das caixas de som. Tinha gente por toda parte.
Aquele tipo de evento bem organizado de deixar no chinelo qualquer Rock'n Rio.
Até que arranjamos um buraquinho entre um sovaco e um cotovelo e conseguimos nos enfiar no meio da multidão.
Subimos no palco.
Chegando lá eu não pude acreditar.
Tinha tanta gente, mas tanta gente que parecia um palco invertido, onde o público é a atração.
Devido a isso, o palco balançava tanto, mas tanto que dava a impressão de que poderia cair a qualquer momento.
Situação de pânico.
Pensei que ia morrer naquela noite.
Imaginem o desespero: morrer já é triste o bastante, mas morrer de sainha de lambada é o fundo do poço das mortes.
Ninguém merece, nem mesmo eu.
Terceiro problema da noite: a cantora fez aquele show usando playback (até hoje não entendi isso).
Playback já é uma situação constrangedora para qualquer artista, some a isso o fato de o cd ficar pulando de 5 em 5 segundos devido ao palco que balançava porque o público errou seu lugar e invadiu a nossa praia.
Eu, por um momento, pensei estar participando daquelas pegadinhas do Gugu, porque não podia tanta coisa errada junto.
Só que o auge da noite ainda nem está perto de acontecer.
Entro eu, na minha segunda troca de roupa para dançar a lambadinha maneira de todos os shows.
Só que, com a confusão que estava no palco, algo saiu errado.
Entre um passo e outro, entre uma acrobacia e outra eis que tudo aconteceu.
Meu parceiro me jogou pra um lado, me jogou pro outro, e quando eu voltei, estava SEM A MINHA SAIA!!!.
Não estou exagerando. Fiquei pelada em cima do palco (só de sunkini, salto 15 e a parte de cima do figurino).
A essa parte da minha vida eu dou o nome de:
não queria ser eu!
Saí de fininho, fui para trás do palco, me vesti novamente e voltei como se nada tivesse acontecido.
E todos gritavam: de novo, de novo, como se aquilo fizesse parte de todo aquele circo.
No final do show, pra fechar com chave de ouro toda esse espetáculo mambembe, fomos chamados para um jantar super formal na casa do Prefeito da tal cidade.
Sabíamos que isso ia acontecer, então colocamos nossos trajes de gala e partimos rumo ao ápice daquela noite, onde no meio de um salmão e outro o assunto da noite foi ..... EU (ou minhas ancas, como preferirem interpretar)!
Lindo isso.
Essa é a minha vida (pelo menos foi) esse é o meu clube (clube dos micos épicos).